sábado, 18 de fevereiro de 2017

Mar 0.1

Às vezes, até numa concha se escuta o mar. Às vezes, por muito baixinho, ouvimos na mesma as ondas rebentar. Parecem-nos longe, distantes por momentos... mas logo as escutamos tão perto!... Mesmo à beira do nosso ouvido; mesmo à entrada de um canal que, ainda que contra aquilo que dita a lógica, liga diretamente ao coração.
Às vezes, estamos metidos na nossa concha e escutamos o mar. O mar que, às vezes, rebenta em ondas tranquilas e suaves e, noutras, em ondas brutas, agressivas. Às vezes, estamos na nossa concha e ela parece ser mais do mar do que nossa. Será isto bom? Será isto mau?
Apostaria no bom. Porque seja esta patilha agradável ou desagradável para nós, é uma partilha: algo que acontece; algo por que passamos e vivemos vezes e vezes sem conta, de uma maneira ou de outra. E, mesmo assim, cá estamos! Cá estamos. Estamos porque somos seres que se adaptam a toda e qualquer corrente - mais simpática ou mais difícil.
Às vezes, a concha é nossa, é do mar, e nela encontramo-nos os dois com diversos humores. Tudo bem. Vamos na onda.

autora: Maria Ramos

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