sábado, 16 de julho de 2016

Máscaras 0.2

Preferia não saber... mas caí na armadilha. Dei um passo, desloquei-me para mais perto para escutar o que se apressavam em me confidenciar (e que, confesso, ansiava por ouvir),... e logo me apercebi que me tinha posto na direção do abismo. Nas palavras que apenas me foram segredadas, feitas discretas, quase inaudíveis... ouvi o eco do embate no fundo do poço, provocado pela queda que logo antevi. Aí me apercebi do impacto das palavras: um impacto que, por muito que se tente esconder, não deixa de, por isso, existir, pois as palavras não deixam de ser o que são, seja-lhes dado o volume que for. 
Caí na armadilha. Caí na armadilha e numa armadilha para mim própria me tornei. Vou e volto a cada dia, colocando à flor da pele uma máscara como se de nada soubesse... e sei - sei de tudo. Sei e por isso sinto que brinco com o meu choro: que o gozo, que me rio na cara dele... ou na minha cara, na verdade. Cara esta que não sinto como minha - que não queria, mesmo, que fosse a minha. Só que... o que é que os outros pensariam se eu simplesmente me permitisse a mostrar o rosto? Se me permitisse a ser eu e o mostrasse como realmente me sinto por dentro neste momento? Pensariam que enlouquecera, com certeza! Mas eu sinto-me é louca de pensar assim.

autora: Maria Ramos

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