sábado, 8 de outubro de 2016

Futuro 0.2

A única altura em que o futuro depende de uma bola de cristal é quando detenho essa bola nas minhas mãos. E juro que a largo para se estilhaçar em mil pedacinhos ou a condecoro mero biblô, pois só assim a admito espelhar-me a mim e ao meu mundo: comigo a ditar-lhe, antes de mais, como quero ver-me no meu destino. Não lhe permito todo o enredo - ah, não; não se não puder participar da encenação. Mais que meu mapa astral ou que qualquer sorte tirada de um baralho, os meus passos traço-os eu ao mirar o céu e ao procurar a beleza das estrelas como guia, mesmo que haja névoa e que chova granizo - hei de aprender a lidar com o clima como quero aprender lidar com a minha vida. Aconteça o que acontecer: é minha. Não de objetos criados pelo Homem. Até porque eles só detêm o significado que lhes concedermos... e que, portanto, eu quero. E eu não quero dar-lhes nenhum.

autora: Maria Ramos

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